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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

PowerOff



Vendo o tempo escorregar pelo espaço como uma lesma ou taturana escorregam pela parede ou chão ou grama, foi o modo como obervei o dia escorregar até aqui. Por um sonho meio dalineano e rodrigueano acordei e fiquei. Passeei por mantras sagrados, vela amarela e retratos, links e suaves status de presença no virtual. Queria fazer muita coisa e me peguei estacionada no nada, alá Manoel de Barros, me culpando e perdoando pela pausa de mais um dia! Muitos anos sem grandes pausas causam tormentas aqui. É como se eu mesma não me autorizasse um sabático, mas, de certo modo estou nele, e são só dois meses.
Descobri nestes dias que pausar e apenas pausar é tarefa difícil. Fomos moldados para sermos liquidificadores, métodos eficazes, motores e quando precisamos desligar aparece uma espécie de alerta vermelho que grita "ÔOOOOo, tá fazendo o que parado aí!?". Irmãs, pai, mãe, sogra, cunhado, amigos, marido, correm correm correm e até se auto acodem dentro de tamanho turbillhão, daí me vejo cheia de pastas e links etéricos, invisíveis, em um tipo de stand by.
Poweroff please!!!
Peço as palavras sábias de Manoel que se façam agir sem medo em mim...

A inércia é o meu ato principal
Manoel de Barros

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Curvilíneas


"As pequenas percepções são não apenas a passagem de uma percepção, elas constituem o estado animal ou animado por excelência: a inquietude." Gilles Deleuze

Elas eram curvilíneas...assim disse ele, tirando de minha boca a palavra que não consegui encontrar. Elas, as formas escolhidas, eram curvilíneas. Assim como os pensamentos, percepções e sensações dos instantes daquele momento, que dançavam livres em um espaço-tempo aberto ali. Como a água da aquarela dela, digo, aquela outra que não eu que também pintava ali, um outro assoprava palavras iluminadas sobre como prender uma imagem em uma caixa de fazer ir, ir no espaço passado, ver um olhar de presente, um olhar ruidoso, como o próprio explicou. Ainda havia um animal, dentre alguns mínimos outros que de lá prá cá corria atrás de um amarelo no azul, um azul líquido, límpido, ou quase, que se prestava a iluminar o dia com sua característica úmida de fazer querer tocar. Por tudo isso, além dos barros moldados, curvilínia, foi a tarde, acho que dá para imaginar!

Dedico este post à Gui Chiappetta, Cy Domenico, André Uba e Bibi

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Entreabertos...


Assim os sinto...meus olhos...o dia rasga lá fora e eles continuam entreabertos, meio que me castigando por te-los deixado fechados por muito tempo, talvez mais tempo que o desejado por eles para seu necessário descanso.
A guerra interna é para que eles parem com esta brincadeira e aportem ao dia, afinal este sim está deslumbrante lá fora. Preparo-me para um momento importante. Inicio hoje meu primeiro JARDIM DE BARRO, um projeto pessoal plástico ruminado aqui dentro há algum tempo. São vasos, barros materializados, vida, que organizarei conforme a atmosfera dos espaços que tiver a sorte ou o acaso de trabalhar, combinados harmonicamente, com minha atmosfera interna para fazer dobras de vida, de sensações de vida...
Para chegar a este ponto, também ainda entreaberto, leio A Dobra, de Gilles Deleuze e Aquilo Que Você Recebe e Compartilha, revista Vida Simples sessão PENSAR de janeiro. Aliás, certo trecho desta matéria , com subtítulo O QUE É SER HUMANO, (mote de meus pensamentos já a alguns anos), questiona, segundo fala de Geshe Lhakdor, diretor de uma bilbioteca Tibetana em NY, "...o que nos faria deslocar do nosso centro para poder sentir mais apreciação pela existência...". A resposta veio com a seguinte explicação, a palavra em sânscrito para ser humano é purusha que significa aquele que é capaz de doar, ou seja, ser humano é saber doar. Embora me soe contraditório ou descentralizado do que hoje se ve como essência em ser humano, acredito na alma das coisas.
Em outro ponto da matéria, Liane Alves, quem escreve o texto, diz que a raiz da palavra humano vem de HUMUS que significa TERRA, a mesma raiz da palavra humildade, "tornar-se como a terra", ser humano, seria isso, reconhecer que somos terra e que a terra doa a vida, logo, somos doadores por natureza!
Em O JARDIM DE BARRO experimento isso, a vida, na vida, pela vida, uma experiência barroca contemporânea, uma dobra, independente de como soe esta sentença, para gerar sensações de vida nas pessoas que tiverem a oportunidade de ver um destes jardins.
Os vasos vida, após organizados, abrem-se a receber o que eu posso doar, minhas imagens inconscientes, um universo onírico talvez inexplicável mas capaz de fazer um sorriso, interno ou externo, se abrir nas faces do universo.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Entrando com pé direito!


Pés invisíveis calçavam a sandália enquanto visíveis pés calçavam o dia que neste instante ou naquele, pois já passou, ficou preso dentro desta imagem, chovia chovia e chovia...