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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Entreabertos...


Assim os sinto...meus olhos...o dia rasga lá fora e eles continuam entreabertos, meio que me castigando por te-los deixado fechados por muito tempo, talvez mais tempo que o desejado por eles para seu necessário descanso.
A guerra interna é para que eles parem com esta brincadeira e aportem ao dia, afinal este sim está deslumbrante lá fora. Preparo-me para um momento importante. Inicio hoje meu primeiro JARDIM DE BARRO, um projeto pessoal plástico ruminado aqui dentro há algum tempo. São vasos, barros materializados, vida, que organizarei conforme a atmosfera dos espaços que tiver a sorte ou o acaso de trabalhar, combinados harmonicamente, com minha atmosfera interna para fazer dobras de vida, de sensações de vida...
Para chegar a este ponto, também ainda entreaberto, leio A Dobra, de Gilles Deleuze e Aquilo Que Você Recebe e Compartilha, revista Vida Simples sessão PENSAR de janeiro. Aliás, certo trecho desta matéria , com subtítulo O QUE É SER HUMANO, (mote de meus pensamentos já a alguns anos), questiona, segundo fala de Geshe Lhakdor, diretor de uma bilbioteca Tibetana em NY, "...o que nos faria deslocar do nosso centro para poder sentir mais apreciação pela existência...". A resposta veio com a seguinte explicação, a palavra em sânscrito para ser humano é purusha que significa aquele que é capaz de doar, ou seja, ser humano é saber doar. Embora me soe contraditório ou descentralizado do que hoje se ve como essência em ser humano, acredito na alma das coisas.
Em outro ponto da matéria, Liane Alves, quem escreve o texto, diz que a raiz da palavra humano vem de HUMUS que significa TERRA, a mesma raiz da palavra humildade, "tornar-se como a terra", ser humano, seria isso, reconhecer que somos terra e que a terra doa a vida, logo, somos doadores por natureza!
Em O JARDIM DE BARRO experimento isso, a vida, na vida, pela vida, uma experiência barroca contemporânea, uma dobra, independente de como soe esta sentença, para gerar sensações de vida nas pessoas que tiverem a oportunidade de ver um destes jardins.
Os vasos vida, após organizados, abrem-se a receber o que eu posso doar, minhas imagens inconscientes, um universo onírico talvez inexplicável mas capaz de fazer um sorriso, interno ou externo, se abrir nas faces do universo.

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