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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Estou, sim, a viver...



...o silêncio agrada e comporta
as vezes afronta e muitas conforta...

Para mim, foi aqui que tudo começou. Sozinha, mas recheada, as palavras vieram vindo como que quase indo e chegando para cá, chegando por aqui, chegando pra ficar, estacionadas modo planta para você ler. O a mais de tudo aqui é que por traz delas há um algo em parte, a parte ou a partir... há o que costumamos chamar de coração. Aquele que bate e avisa que algo vai sair ou chegar, avisa os porques e apesar de poder doer muito, muito mais faz sorrir, faz alguma coisa arrepiar, faz digerir. Cega e surda mas confere confiar de jeito que com ele quase tudo se faz passar, se verdadeiro...o danado não se engana. Tanto é que a pouco, após um dia extenso de alegrias ínfantis, em um lugar onde a sensação é de que quase tudo pode acontecer, ouvi um conto de Mia Couto enquanto aguardava solta um chegar de papéis e ao encontrar outro, não mais ali, agora aqui, um banho doce salgado aportou meus olhos. O Menino Que Fazia Versos, esta foi a história que encontrei por assim dizer e que conta sobre o filho de um mecânico que a sofrer poderia estar, e, por isso, sua mãe leva-o a pedido do pai ao médico para que ele descubra porque o menino apenas e só, não para de escrever. Um trecho diz:

"- Dói-te alguma coisa ?
- Dói-me a vida, doutor.
- E o que fazes quando te assaltam essas dores ?
- O que melhor sei fazer, excelência, é sonhar...
...- Isto que faço não é escrever, doutor.
Estou, sim, a viver."


Sonhar era o que o pai do menino havia recomendado a ele não fazer, na verdade recomendou-lhe sonhar longe já que o próprio teria receio de sonhos. Porém o sonho levava o menino a escrever e escrever para ele era viver. Fatos simples e indissossiáveis.
O conto alerta que isso seja um distúrbio, aos olhos dos pais, mas, aos olhos do menino palavreiro estaria ele mais e mais a viver a cada nova palavra, a cada novo verso movido por um sonho. Confesso...molhei os olhos porque me vi nas entrelinhas. O sonho também é o que me move e isso é de amedrontar qualquer pai onde nele inteiro possa pulsar um coração.

Pai, obrigada por me permitir sonhar ainda que esta escolha lhe tire o sono!
Te amo mais e mais a cada dia, por sua escondida e delicada ousadia de ser quem é,simples e direto ou indireto assim, nos protegendo e defendendo a cada instante do mundo cinza que a cada dia tento pouco a pouco colorir!

Juliana Carvalho Carnascial

Assim nascida... JulliPop

Um comentário:

  1. A algum tempo atras assisti ao filme Alice no Pais das Maravilhas e a coisa mais importante do filme para mim foi o fato do pai dela sempre incentivar o sonho, independente de qual fosse e independente da opinião dos outras, afinla isso era o mais puro que Alice podia ter e merecer e apesar de todos os conflitos que ela enfrentou, seguiu o sonho e alcançou muito mais do que imaginava...e tudo isso é porque para mim você é a Alice, uma sonhadora que independente de qualquer coisa nunca deixou de imaginar o mundo como um quadro muito colorido...por isso sempre lembre do seu puro interior e sigao que os seus sonhos te disserem, pois por mais que pareça impossivel, uma hora se concretiza, sempre com o apoio daqueles que te amam, mesmo que nas entrelinhas, pois no fundo no fundo o pai é sim um grande sonhador, que sonha sempre com o nosso futuro e nos alimenta a cada dia para as conquistas dos nossos sonhos, do jeito dele, mas alimenta...

    Te amo e espero ser um dia igual a você, uma sonhadora

    beijos

    Carol

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