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sábado, 12 de dezembro de 2009

Pitanga


"Porque eu sou do tamanho do que vejo/E não do tamanho da minha altura..."(Em Guardador de Rebanhos, por Alberto Caeiro - um dos heterônimos de Fernando Pessoa)


Ontem, uma pessoa que é do tamanho que se vê (imagino que gigante por suas especiais conquistas e responsabilidades)me disse sobre a citação acima referente a Fernando Pessoa quando conversavamos sobre minha demissão e sobre quem sou e como sonho...ali era iniciado um movimento de pensamento que se ligaria a manhã de hoje quando ao acordar e olhar meu jardim, me deparei com muitos pontinhos vermelhos brilhantes lá de cima, de onde estava vendo. Pitangas eram elas, lindas, surgidas após três longos anos de aguardo. Regadas muitas vezes por nós, outras, só pela chuva, ela, a pitangueira, foi crescendo crescendo, tomando forma própria (pois resolvemos não molda-la)e só agora após tantos dias ela floriu e colocou pra fora lindos frutos. Já no fim do dia, agora, vinte e duas horas e trinta minutos, senti, como já colado em minha pele outras vezes que, observar uma planta nos dá a sensação de tudo ser possível com paciência, certa disciplina, muito afeto e naturalidade, vida. Coisas vivas vão adiante, acima e avante como já diria -acho que é isso - o superman. "Para o alto e avante né". Assim são as plantas, assim é a natureza. Observar a natureza ajuda a sorrir, ensina e transmuta, transmuta pontos de vista e nos faz DOBRAR, como pensou Deleuze e Gattari. Hoje foi um dia com muitas dobras, quase Barroco eu diria, belo! Doce, vermelho, Caeiro, Palaciano...frutifero! Foi uma dia Pitanga!
Post dedicado à Ana Luiza Restani,a pessoa gigante a quem me refiro no texto, à todos meus parceiros pedagógicos, também à meus parceiros artísticos, Tatá Muniz e Fernando Maynart, além de Rogério Duarte, Tiago Barizon, Guilherme Chiappetta e Cy Domenico, também Rob Cox e toda minha família, corpos que participaram da DOBRA.

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